segunda-feira, 2 de agosto de 2010

Ética ou censura?

Ética ou censura? Essa é a dúvida que paira no ar sobre a resolução 23.191/09 do Tribunal Superior Eleitoral (TSE). A decisão, publicada em dezembro do ano passado, mas com efeitos nestas eleições, colocou limites para a cobertura jornalística, proibindo trucagem, montagem e recursos que possam ridicularizar candidatos, partidos políticos ou coligações.

Na prática, isso atinge em especial os programas humorísticos, que satirizam os políticos. Como por exemplo, o CQC e o Pânico na TV que criam várias situações que os deixam expostos. E, com frequência, reforçam tais situações com montagens em que o entrevistado, por exemplo, ganha nariz de Pinóquio ou leva uma bordoada na cara

Alguns afirmam que tal ação é uma preservação da ética e da imagem do candidato perante aos seus eleitores, contudo isso mais cheira a limitação da liberdade de expressão do que qualquer coisa ligada à ética. Em uma eleição, o cartunista, por exemplo, é uma figura importante. Não só para fazer humor, mas para provocar debate com a sua arte. Aquele debate que acontece na rua, na padaria, no boteco da esquina. O humor desses programas hoje em dia não é mais para fazer graça ao telespectador e arrancar audiência, ele é um gatilho que dispara a inteligência das pessoas.Ele faz o eleitor debater suas idéias, suas opiniões e trazer a polícia para dentro da sua rotina de uma maneira mais concreta e eficiente.

Talvez seja exatamente isso que os futuros governantes não queiram, que o eleitor comece a pensar e debater sobre eles, contudo o jornalismo que não se calou nem na época da ditadura não vai se deixar calar agora por tão pouca coisa, e é exatamente isso que esperamos desses programas. Nenhuma lei vai bloquear um jornalista de dar ao leitor uma chance de pensar e debate sobre algo.

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